Fraudes em concursos públicos


Saiba como terminaram cinco grandes casos de fraude em concursos públicos



Frequentemente, concursos públicos tornam-se destaques na imprensa – seja por fraudes ou por confusões entre candidatos e organizadoras das provas. É comum ler notícias sobre a venda de gabaritos, uso de escutas para obter respostas, brigas entre fiscais e candidatos e problemas similares.

O R7 procurou saber como andam cinco casos de fraude em concursos públicos – para isso, foram ouvidas tanto pessoas ligadas à Polícia Federal quanto ao Ministério Público e à Justiça.

Saiba mais abaixo:

Concurso da Polícia Federal

Seis pessoas foram eliminadas do concurso da Polícia Federal por suspeita de fraude, em junho deste ano. Elas teriam obtido as respostas da prova e, com isso, chegaram à etapa final de testes, acabando barradas pouco antes de assumirem os cargos.

Havia 600 vagas abertas pelo concurso, sendo 400 para escrivão e 200 para agente da PF. O salário oferecido, muito atraente, chegava a R$ 7.514. As primeiras provas foram aplicadas em 13 de setembro do ano passado.

A apuração da Polícia Federal sobre seu próprio concurso apontou que 53 candidatos tiveram acesso às respostas das provas. Os acusados de fraude chegaram a pagar R$ 90 mil para obter o gabarito do teste. Eles usaram os serviços de uma quadrilha, que desviava os gabaritos durante o transporte dos exames, após eles serem impressos na gráfica.

O documento era repassado a professores de um cursinho para concursos em Santos, que divulgavam as respostas para seus alunos.

O inquérito contra os seis supostos fraudadores está sendo finalizado pela PF, que vai enviá-lo para a Justiça. A quadrilha foi desmontada por uma ação policial chamada Operação Tormenta, em junho. Não há chances de haver mais fraudes neste concurso, afirma a assessoria de imprensa da Polícia Federal.

As vagas eram para trabalhar em Estados do Norte - Acre, Amapá, Roraima, Rondônia, Maranhão, Pará, Mato Grosso, Tocantins e Amazonas (na região da Amazônia Legal). Também havia a opção de trabalhar no Mato Grosso do Sul e outras áreas de fronteira. As seis vagas dos fraudadores não serão reabertas, segundo a assessoria da PF.

Fraude em prova da OAB

Houve fraude também na segunda fase do exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), aplicada neste ano. A Justiça abriu processo contra 37 envolvidos no esquema de corrupção, sendo que 26 (segundo informações da Polícia Federal) tentaram fraudar diretamente a prova.

O problema começou em março. Um estudante foi flagrado com as respostas de cinco questões anotadas em uma folha de papel, escondida em um livro de consulta. O caso aconteceu em Osasco, na Grande São Paulo. O candidato foi expulso da sala de prova, mas não revelou como obteve o gabarito.

Após investigação da PF, ficou claro que a base de operação dos fraudadores era a mesma desmantelada pela Operação Tormenta – uma quadrilha que atuava em Santos e desviava gabaritos de provas. Um cursinho foi montado supostamente com o diretor do curso de direito da Unisanta (Universidade Santa Cecília). O curso com as respostas duraria três dias.

Além dos alunos do cursinho, o gabarito da prova obrigatória da OAB teria sido vendido a outros candidatos por cerca de R$ 20 mil. A quadrilha oferecia ainda “laranjas” para fazerem a prova no lugar dos clientes, segundo a PF.

Em nota oficial, a Unisanta disse nunca ter colaborado com qualquer esquema de fraude. A instituição disse que “sempre primou pela ética” e que confia na Justiça para esclarecer os fatos.

Atualmente, a ação judicial está na 3ª Vara Federal de Santos, na fase de audiências.

Mato Grosso do Sul anulou concurso para 10 mil vagas

Em novembro do ano passado, o governo do Mato Grosso do Sul cancelou seu concurso público, considerado o maior do país.

Foram 274 mil inscritos disputando 10.086 vagas. Os postos de emprego valiam para 19 órgãos, como a Polícia Militar e a Secretaria de Meio Ambiente.

A prova, que seria aplicada em 16 cidades, foi anulada devido ao vazamento do caderno de questões. O Ministério Público descobriu um esquema de fraude que ocorria na organizadora de provas, ligada à Unemat (Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul).

Um dia antes do dia das provas, o grupo de investigação do MP apreendeu pen drives e notebooks na casa de três pessoas em Cáceres (a 225 km de Cuiabá). Foram encontradas respostas das questões do processo seletivo.

Todos os envolvidos no esquema eram servidores da Unemat e foram afastados da universidade, incluindo o coordenador da instituição responsável pela prova.

O exame foi reaplicado nos dias 31 de janeiro e 21 de fevereiro deste ano. Dessa vez, quem assumiu a responsabilidade pelo concurso foi a Secretaria da Justiça do Estado, junto com a Segurança Pública, a Casa Militar e a Secretaria de Administração.

Polícia Rodoviária Federal

Quase um ano depois da aplicação do concurso da PRF (Polícia Rodoviária Federal), os casos de fraude continuam sem solução. A Funrio, empresa que organizou a prova, chegou a eliminar 72 candidatos, sendo 27 por suspeita de terem obtido informações privilegiadas e por erros no preenchimento dos cartões de resposta.

Entre eles estão os 13 melhores colocados no Rio de Janeiro, os três primeiros de São Paulo e as duas maiores pontuações de Minas no concurso. A PRF cancelou o contrato com a Funrio, depois das suspeitas.

Três ações foram movidas na Justiça contra a empresa, sendo que uma delas, que foi arquivada, pedia a anulação do concurso. Outras duas, abertas pelo MPF-RJ (Ministério Público Federal no Rio de Janeiro), pediam que a Funrio devolvesse R$ 11 milhões arrecadados com as taxas de inscrições do processo seletivo.

No total, foram abertas 750 vagas - 109.793 candidatos se inscreveram, na época, em outubro de 2009. Durante a aplicação da prova, houve tumulto e cerca de 40 pessoas não puderam fazer o concurso. A Funrio diz que os candidatos chegaram em cima da hora da prova e entraram pelo local errado, o que dificultou a alocação deles nos espaços corretos.

Polícia Militar de Salvador

Em junho deste ano, 11 candidatos a um concurso público da Polícia Militar de Salvador foram presos por estarem com escutas para fraudar o processo seletivo.

A tentativa de fraude foi descoberta após um dos candidatos pedir para ir ao banheiro. Na porta do local, os fiscais fizeram o rapaz passar pelo detector de metais, que apitou. O candidato foi preso em flagrante.

Todos os envolvidos são de Pernambuco. Eles estavam com pontos eletrônicos presos ao corpo. Como a fraude foi identificada, a Consultec, empresa responsável pela prova, não anulou o processo seletivo




Fonte:R7
 

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