Serra diz que defende concurso público até para cargo de confiança


O candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) defendeu nesta quarta-feira (29) a realização de concursos públicos para cargos de confiança como os DAS (Direção e Assessoramento Superior).
Segundo o candidato tucano, a medida serviria para conter a "politização" de órgãos públicos. Ao longo de sua campanha, Serra tem criticado, de forma recorrente, o loteamento do Estado por partidos políticos.
"Para mim, os concursos públicos são a forma que a sociedade democrática encontrou para fortalecer as carreiras de Estado. O concurso deve prevalecer. Nesse governo, só de cargos de confiança são 20 mil. Para mim, concurso é a forma de ingresso por excelência. Claro que não pode ser 100%, mas sem dúvida tem que ser a via predominante, inclusive para os DAS", afirmou em encontro do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate).
O público era composto por representantes das associações de diversas carreiras, como auditores fiscais, peritos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), policiais federais, funcionários de agências reguladoras, entre outras. Antes de Serra começar a falar, um representante do Fonacate disse que as candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) foram convidadas para o encontro, mas que não compareceram por problemas de agenda.
Serra afirmou que existe uma "fofoca" de que ele é contra os concursos públicos. "Há muita fofoca, muita mentira, inverdades na campanha. Uma delas é de que sou contra concurso público", disse.

Aparelhamento
O candidato voltou a atacar o aparelhamento do Estado. "No Brasil, o que está acontecendo precisamente é o contrário do que considero correto. O peso da qualidade técnica valendo mais do que a indicação política, não acontece hoje."

Ao falar da melhoria pela qual passou os Correios, disse: "A profissionalização do Estado é fundamental. (...) Os Correios foram modernizados e viraram uma bela empresa. Agora estão sendo destruídos pela politização e pelo loteamento. Vou estatizar os Correios. O Estado precisa ser estatizado. Em grande parte, está sendo privatizado para partidos, setores de partidos e sindicatos. Sua função é pública e não privada."

Após a conversa com os servidores, em coletiva de imprensa, Serra foi questionado sobre a denúncia envolvendo tráfico de influência na Casa Civil com participação dos Correios e voltou a criticar o aparelhamento. "Temos que acabar com isso".
Também citou o caso envolvendo a Receita Federal, com o vazamento de dados sigilosos. "O que tem acontecido na Receita compromete a imagem de uma instituição séria." Completou que o crescimento sustentável da economia depende do fortalecimento das instituições para evitar um crescimento no estilo "voo de galinha, com um salto que não se sustenta".
Reforma tributária
o candidato defendeu que a reforma tributária seja analisada em fatias, para facilitar a aprovação de mudanças, e afirmou que o governo precisa conhecer bem o projeto.

"Tentam fazer a reforma tributária num carroção constitucional. Mas querer fazer tudo implica em alinhar os adversários. Precisa de um objetivo de cada vez."
BNDES
o candidato voltou a afirmar que pretende restringir os empréstimos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Após um questionamento de um servidor público sobre se há planos para privatização, ele disse que não há "nada na agenda" e completou: "Tem uma privatização errada que pretendo deter. O governo pega dinheiro, empresta via BNDES por metade da taxa de juros, com subsídio, dinheiro nosso, sem que passe por orçamento nem nada, é uma maneira de privatizar. A propriedade é privada, mas o dinheiro é público. (...) O que é público tem que ser público."
Segundo turno
José Serra também afirmou que não traçará estratégias para um eventual segundo turno da eleição antes do resultado da votação no próximo domingo.

"Vamos primeiro terminar o primeiro turno. Não há grandes estratégias além do que já há. Vontade de fazer campanha. Isso vou fazer ao longo do segundo turno. E vamos ter muitos debates e podemos ir aprofundando a discussão sobre os projetos de cada um para o Brasil."
 

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